- Longevidade
É domingo, o céu está azul, você sai para um passeio com a família e tudo parece indicar que o dia será especial. Só que, numa curva da estrada, o carro começa a soltar uma fumacinha e você precisa parar no acostamento. Aí percebe que algo não vai bem com ele e que deveria ter verificado se tudo estava em ordem antes de encarar um percurso mais longo. Quando finalmente consegue atendimento com um mecânico, descobre que o passeio já era.
Ao invés de ficar furioso, talvez você devesse ficar agradecido. O problema poderia não ser com o carro - uma simples máquina que foi vítima da falta de manutenção que necessita para não falhar em momentos como esse.
O problema poderia ter sido com você (um ser humano que é único e tem uma família que ama), caso esteja tendo o mesmo tipo de postura descuidada com sua própria saúde.
Todo ano, em torno de 300 a 400 mil pessoas sofrem um infarto agudo do miocárdio no Brasil - isso equivale a 1000 casos ao dia.
Outros 200 a 350 mil brasileiros passam pela dura experiência de um AVC. Boa parte nem imaginava que poderia ter algo errado com seu sistema cardiovascular até ser surpreendida em um momento qualquer de sua rotina com esse choque de realidade.
Quem sobrevive - infelizmente muitos não têm essa sorte, já que as doenças do aparelho circulatório são a principal causa de morte no mundo e, atualmente, matam mais pessoas do que nunca - vai descobrir que um processo silencioso de adoecimento vinha se desenvolvendo dentro dele e poderia ter sido combatido e controlado, antes de explodir na forma de um infarto ou de um derrame.
Sim, muitos dos problemas graves que nos assolam, entre eles, as doenças cardiovasculares agudas, poderiam ser evitados, se soubermos antecipadamente que estamos nas chamadas zonas de risco e tomarmos as medidas necessárias para sair delas. É justamente aí que entra uma expressão em inglês que deveria fazer parte da nossa rotina: o check-up.
O pior cego é o que não quer ver
Sabemos que a ansiedade já é uma companhia constante para boa parte da humanidade e o estresse e a fadiga costumam pegar uma carona com ela, exaurindo nossas forças e desregulando nossos sistemas vitais. Assim, adiamos tudo o que não for um compromisso urgente hoje, para algum momento no futuro, não é? E é justamente aí que mora o perigo!
Quanto mais você tem a sensação de que não é possível dar uma pausa para olhar para si mesmo e ver se está bem, mais deveria entender que isso precisaria ser sua prioridade absoluta. Deixar o tempo correr e passar por cima de sua saúde e do seu bem-estar é a pior coisa que você poderia fazer por você.
O ditado que diz que a cegueira mais fatal é a de quem não quer ver pode ser bem velho e conhecido, mas continua atualíssimo e, infelizmente, não tem servido de alerta para as multidões que, todos os anos, evitam olhar para si mesmas até que sejam forçadas por uma situação extrema - quando pode ser tarde demais para recuperarem a saúde perdida.
Doenças masculinas… e femininas!
Quando se trata de autocuidado, é comum os homens terem uma resistência maior em procurar orientação médica. Eles tendem a se ver como provedores e, além de não quererem reconhecer e expor suas vulnerabilidades, sabem que, caso algo esteja mesmo errado, terão que rever seu papel profissional, social e familiar, adotando novas rotinas. Talvez até precisem de ajuda.
Sim, fingir que são eternamente jovens e posar de independentes - dispensando possíveis cuidados terapêuticos - costumam ser fatores que levam tantas pessoas do sexo masculino a terem uma crise cardíaca, muitas vezes fatal, reduzindo seu tempo de vida ou, ao menos, seu tempo de vida saudável e produtiva.
Mas, ao menos no que diz respeito à saúde, não podemos enganar os outros - muito menos a nós mesmos - por muito tempo. A conta uma hora chega e, dependendo do quanto você entrou no vermelho, ela pode se tornar impagável. É por isso que há tantos alertas à população masculina para que seja mais responsável quanto aos cuidados com o organismo. Check-up periódico é fundamental para os homens, sim!
No entanto, outro alerta também está se tornando mais comum: o que visa a população do sexo feminino. É que as mulheres têm acumulado cargas cada vez mais pesadas, ao desempenharem funções profissionais, cuidarem da casa, dos filhos, de pessoas doentes ou idosas na família e ainda manterem determinados padrões estéticos. Suas jornadas diárias de trabalho remunerado e não remunerado ultrapassam a dos homens e reduzem momentos de autocuidado e descanso.
Assim, o estresse crônico na vida delas vem disparando, trazendo outras doenças crônicas não transmissíveis em seu rastro, como as metabólicas, respiratórias e autoimunes. Sabemos que são mais vulneráveis, inclusive, a algumas complicações cardíacas que ele desencadeia. E que têm mais risco de AVCs graves, bem como de ter pior qualidade de vida após sua ocorrência.
É a velha estória: elas cuidam de todos ao redor e deixam a si mesmas por último. Só que esquecem de se perguntar: se não estiverem bem, quem cuidará de tudo isso?
Coração pulsando
O que faz seu coração bater? O sistema cardiovascular precisa de artérias fortes - livres de obstruções gordurosas -, de nutrientes de alta qualidade e de energia para garantir seus 100 mil batimentos diários!
Sabemos que os fatores de risco para doenças cardíacas incluem colesterol elevado, pressão alta, obesidade e estresse, sendo que metade da população apresenta ao menos uma dessas condições. Às vezes, todas juntas.
Elas surgem pelos motivos já conhecidos: alimentação inadequada, sedentarismo, excesso de trabalho, má qualidade do sono, falta de conexão entre corpo, mente e emoções. Ou seja, surgem devido a estilos de vida que não são saudáveis, já que a influência genética é só uma parte do problema.
É uma notícia boa, mas dura. Boa, pois revela que é possível reduzir seu desenvolvimento através da adoção de uma rotina mais equilibrada. Dura, porque isso requer que você olhe para si mesmo e tome uma atitude propositiva.
E a primeira atitude que precisa ser tomada é descobrir como você está. É com um bom check-up que poderá saber se algo não vai bem e, através da orientação de uma equipe médica bem preparada, tomar medidas para corrigir a rota, saindo da estrada que vai dar num abismo para entrar na que leva a um cenário de mais harmonia e bem-estar.
Se ainda tem alguma dúvida de que a melhor hora para isso é já, responda novamente: o que faz seu coração bater?
É só olhar para sua família, seus amigos ou mesmo um pôr do sol, que você encontrará uma resposta. Por que perder a chance de ter essas presenças tão especiais por mais tempo em sua vida?
O carro quebrado na estrada pode ser um bom indicador de que aquele não era o caminho a ser seguido. Hora de mudar de rota.
Awake. Life is inside.