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Breathwork transforma sua vida com um ato essencial: respirar

Breathwork transforma sua vida com um ato essencial: respirar
  • Ciência

Todos os dias; o tempo todo. Desde o momento em que você nasceu… até o último instante em que vai viver. Sim, exatamente agora - enquanto você estiver lendo este artigo - seu tórax vai se expandir e se retrair continuamente, não vai? É ela, sempre presente em todas as atividades que você faz: a respiração. 


Estamos tão acostumados com o inspirar e o expirar contínuo do ar para dentro e para fora dos pulmões que esquecemos da presença desse movimento fundamental em nosso corpo e do que ele significa em nossas vidas. 


Realmente, não é necessário ter consciência de que estamos respirando para garantir que o complexo processo da respiração ocorra. Ele pode se realizar espontaneamente, de maneira inconsciente, abastecendo o organismo de oxigênio e livrando-o do dióxido de carbono produzido pelas células, já que, a cada 5 segundos, nossos centros respiratórios costumam enviar impulsos para contrairmos o diafragma - o que nos faz inspirar.


No entanto, ao deixar a respiração no piloto automático, estamos perdendo a oportunidade de potencializar esse ato essencial e direcioná-lo para gerar benefícios físicos, emocionais, mentais, energéticos e espirituais - considerando estes últimos referentes às nossas relações com o universo, com o que sentimos como transcendente e percebemos como sagrado. 


Não foi por acaso que tantas culturas humanas utilizaram e seguem utilizando formas específicas de respiração em suas buscas por maior longevidade, autoconhecimento, conexão com a divindade e cura. O poder que essa ação primordial possui, quando realizada com consciência, é um dos pilares da meditação, do yoga, das artes marciais e de muitas outras práticas terapêuticas milenares. 


São justamente esses poderes - elevar a concentração, gerar bem-estar e superar condições físicas e psicoemocionais limitantes - que são mobilizados em uma terapia chamada de Breathwork ou Respiração Circular Conectada e Consciente. Ela tem sido aplicada em diversas regiões do mundo por oferecer um caminho de transformação a quem sente que sua vida não está fluindo como deveria. 


Neste artigo, vamos abrir os horizontes (e os pulmões) para os saberes que sustentam a Breathwork e descobrir como é possível mobilizar seus imensos poderes. 


Estamos sem ar


Sabe aquela sensação de sentir que falta energia, espaço e liberdade para ser quem você realmente é? Muitas vezes, nós a definimos como um nó no peito, algo que nos sufoca e nos impede de manifestar a potência vital que possuímos. 


Imersos no ritmo artificial que rege a sociedade, seguimos sempre automatizando tarefas e acelerando o tempo. O resultado é que não estamos realmente presentes de forma integral nas vivências diárias de que participamos. Com isso, deixamos de perceber o que se passa dentro de nós e de estabelecer uma conexão mais profunda com o universo ao qual pertencemos. 


Ao longo dos anos, essa falta de integração gera bloqueios, frustrações, doenças e nos faz ter menos “fôlego” para desfrutar da plenitude da vida. Sim, ficamos sem ar. Do mesmo modo como passamos a respirar de forma curta e automática, tornamos nossa interação com o mundo mais superficial, o que reduz, simultaneamente, nossas trocas de ar e de energia com a natureza. 


No plano corporal, significa que diminuímos o ciclo respiratório rotineiro. De fato, pessoas adultas costumam fazer de 12 a 20 respirações por minuto - considerando cada respiração como o processo de inspirar e de expirar o ar uma vez. É uma quantidade muito maior do que a praticada pelos mestres orientais e revela o quão pouco profundamente realizamos esse ato tão básico ao nosso metabolismo. 


Descobertas recentes apontam que, no intervalo de um minuto, a realização de 6 respirações otimiza uma série de funções corporais e permite obter perfeitamente a quantidade de ar de que necessitamos - em torno de 20 mil litros ao dia para uma pessoa adulta. Sem dúvida, cada respiração, dentre essas 6, tem uma qualidade muito maior, oxigena melhor o organismo e permite uma condição mais saudável de vida. 


Para ter capacidade de conduzir a própria respiração, você precisa (re)aprender a “conversar” com seus pulmões e com sua caixa torácica. É que, em meio a tantos ensinamentos que recebemos durante a nossa formação escolar e profissional, costumamos ter uma lacuna em um aprendizado essencial: o de regular conscientemente o movimento do nosso tórax - sobretudo o que se dá a partir do diafragma -, através do qual podemos fazer muito mais do que renovar o ar que nos nutre. 


Por falar em aprendizado, vale a pena mencionar que já se sabe como os padrões respiratórios moldam as funções cognitivas, influenciando até mesmo a consolidação de nossas memórias, tanto durante a vigília quanto durante o sono. Esse é um dos motivos pelos quais, à medida que envelhecemos, temos a tendência de ter - conjuntamente - problemas respiratórios, dificuldade em dormir e perda da capacidade de memorizar o que vivemos. 


Muito mais do que oxigênio 


Se você acha que a função da respiração se limita ao abastecimento do ar de que necessitamos, reveja rapidinho essa posição. A ciência nos demonstrou como os ritmos respiratórios modulam padrões oscilatórios em todo o cérebro. Esse processo ocorre por meio da atividade elétrica, que pode ser medida em exames laboratoriais.


Foi assim que descobrimos que nossa capacidade de identificar elementos e fixá-los em nossa memória é muito maior durante a fase de inspiração do que durante a fase de expiração. Porém, aqui vale um alerta: isso só é válido se você inalar o ar pelo nariz. Se inspirar pela boca, perderá esse plus da capacidade cognitiva tanto para a identificação quanto para a memorização. 


É uma demonstração nítida de que a respiração nasal tem uma importância que transcende o fornecimento de ar ou a expressão do olfato, mas está diretamente ligada à qualidade de sua percepção da realidade, modulando foco, julgamento e memória. 


São esses poderes que a Breathwork se propõe a mobilizar. Podemos dizer que ela é um potente instrumento de auto-exploração e de cura, que reúne saberes da Psicologia Transpessoal, da Antropologia e das Filosofias Orientais, para favorecer estados mais harmônicos de existência. Com ela, é possível remover os véus que costumam encobrir nossa visão devido a traumas, condicionamentos e limitações impostas pelo cotidiano.


Para isso, a respiração é utilizada como um catalisador no processo de expansão de consciência. Através da utilização de determinados padrões respiratórios, a prática terapêutica estimula a ocorrência de transformações físicas e psicoemocionais, promovendo a superação de bloqueios e a integração das diversas dimensões do ser. 


Ela costuma ser chamada de Respiração Circular justamente porque trabalha com padrões rítmicos nos quais a inspiração e a expiração se sucedem continuamente, sem a existência de pausas entre elas. 


Enquanto o ato de inalar é entendido como um momento de abertura energética e cognitiva, recebendo o que o universo pode nos oferecer, o ato de exalar é visto como um momento de libertação do que já não faz sentido reter em nossa vida. 


Assim, ambas as ações se sucedem num processo contínuo, que permite a renovação do seu ser, para que você conquiste estados mais integrados, saudáveis e harmônicos de existência. Ao abraçar o tempo presente, você vai amplificar sua energia vital e potencializar as relações entre o corpo físico, a mente e o transcendente, entendido como as forças que circulam no cosmos e conectam tudo o que existe. 


Respirar em conexão


Parece surpreendente que um ato que você fez desde que nasceu pode promover uma profunda transformação em sua vida, não é? Mas, acredite, é uma possibilidade real, como mostram inúmeras experiências ao redor do mundo. 


As práticas respiratórias são utilizadas como uma forma de intervenção não farmacológica comprovadamente eficaz para equilibrar a esfera psicoemocional. Elas possibilitam a redução do estresse, da ansiedade e da depressão, atenuam a exaustão profissional e trazem equilíbrio às mulheres em trabalho de parto, mesmo em situações prematuras. Também promovem alívio para quem sofre com doenças crônicas, ao reduzirem a dor e os sintomas associados a ela.


Eletroencefalogramas já revelaram que formas terapêuticas de respiração estão associadas ao aumento do poder alfa em todo o córtex cerebral, quando comparadas à respiração espontânea. Significa que há maior predisposição à evitação de danos, busca por novidades, persistência, autodirecionamento e  autotranscendência.


O poder terapêutico da respiração é tão forte que, durante uma pesquisa, foi capaz de reduzir as frequências cardíacas e acalmar crianças que assistiram a vídeos de apenas um minuto, nos quais um personagem de desenho animado respira profundamente. Isso revela como o campo das intervenções psicofisiológicas pode ser desenvolvido a partir do ato tão básico de inspirar e exalar o ar dos nossos pulmões. 


A Breathwork abre um caminho certeiro para que você descubra como transformar esse gesto espontâneo do seu corpo em uma ação consciente e repleta de propriedades curativas. Ela conduz a padrões respiratórios conectados com a sabedoria inata que há dentro de você e com o fluxo químico-energético harmônico da natureza. Desse modo, ela não se limita a promover seu bem-estar, mas favorece a descoberta de seu verdadeiro propósito de vida. 


Se sua rotina parece tão desafinada e sufocante, dificultando que você obtenha o ar - e, portanto, a energia - que alimenta seu corpo e sua alma, o melhor modo de você se harmonizar é afinando os instrumentos do seu próprio organismo. Para isso, não há nada mais potente do que sua respiração, um elemento tão visceral de conexão com o mundo. 


É hora de você sintonizar o ritmo de seus pulmões com os padrões indutores de equilíbrio, consciência, integração e plenitude. Exalar constantemente o que precisa ir embora, para abrir espaço para inalar o que realmente potencializa seu corpo, sua mente, seu coração e seu espírito. 


Awake. Life is inside.