- Ciência
O ser humano evoluiu graças à sua capacidade de adaptação e de inventividade.
Olhe à sua volta. Veja quantos objetos diferentes estão presentes ao seu redor. Parecem quase incontáveis, não é?
Durante milhares de anos fomos inventando artifícios para facilitar o nosso dia a dia e trazer mais conforto. Mas, em muitos casos, o que desenvolvemos para viver melhor também nos distanciou do contato com a natureza e nos fez esquecer que somos parte desta imensa teia formada por minerais, vegetais e animais. Ou seja, que somos feitos da mesma matéria e energia que formam o mundo.
Promover a reconexão com esse universo dinâmico e complexo é um dos caminhos para uma vida mais harmônica e saudável. E, para isso, novas propostas terapêuticas vêm sendo criadas e disseminadas mundialmente.
Uma terapia que merece destaque é o Grounding ou "aterramento". Em poucas palavras: pisar na terra. Coisa que deveria ser básica, mas na rotina agitada das cidades acabamos nos esquecendo ou sendo quase inviável fazer isso.
Mas o que afinal acontece nesse contato com a terra?
Pisar na terra pode parecer um ato simples, mas há uma boa explicação científica para que seja poderoso! É que o solo possui uma carga elétrica negativa natural e, quando pisamos diretamente sobre ele, seus elétrons fluem para nossos pés, gerando um equilíbrio em nossa própria carga elétrica.
Sentimos que uma caminhada na areia da praia ou um banho de cachoeira nos revitalizam, mas na verdade fazem muito mais que isso. Estudos científicos vêm demonstrando que o contato direto com o solo é capaz de reduzir inflamações, recuperar músculos lesionados, ajudar na regulação do sistema hormonal, melhorar a qualidade do sono e até reduzir a viscosidade sanguínea, o que contribui no tratamento de doenças cardiovasculares.
Uma pesquisa conduzida por uma equipe do The Chopra Center for Well-Being em Carlsbad, na Califórnia, analisou o efeito do Grounding na saúde de massoterapeutas, profissionais que costumam ter problemas decorrentes do esforço de seu trabalho diário. Os resultados revelaram que eles “experimentaram diminuições significativas na fadiga, depressão, cansaço e dor”, enquanto estavam com os pés no chão, em comparação com os momentos em que não estavam.
A publicação Estratégias integrativas e medicina de estilo de vida devem incluir o Grounding menciona a existência de cerca de 20 estudos que “relataram evidências intrigantes de melhorias fisiológicas amplas e significativas quando o corpo está aterrado”, demonstrando que a terapia “tem grande potencial para tornar essas abordagens mais eficazes”. Ainda segundo a publicação, “assim como a vitamina D em nosso corpo é produzida pela energia e frequências geradas a partir do sol, a terra sob nossos pés fornece energia e frequências únicas que influenciam diretamente nosso corpo.”
Há um caminho promissor envolvendo o Grounding. E os pesquisadores estão, inclusive, estudando algumas formas de promover os benefícios que o contato com o solo traz, sem que seja necessário pisar diretamente na terra. Muitos equipamentos têm surgido com essa proposta, compondo objetos como tapetes e almofadas, formados por um sistema que imita a corrente elétrica da terra, possibilitando às pessoas terem essa vivência numa clínica, em casa ou no escritório.
Já há estudos científicos mostrando que esse tipo de tecnologia produz resultados consistentes. Um deles, publicado no Altern Ther Health Med, em 2017, analisou o contato condutivo estabelecido por lençóis condutores e almofadas de piso ou mesa, concluindo que “o aterramento é uma estratégia clínica simples, natural e acessível contra a epidemia global de doenças não transmissíveis, degenerativas e inflamatórias.”
O Grounding também pode potencializar uma prática terapêutica bem antiga: a meditação. Meditar sobre o solo natural ou em contato com a água de um lago, por exemplo, pode contribuir para o equilíbrio elétrico de nosso organismo, ao mesmo tempo que nossa mente se harmoniza, promovendo uma integração entre nossas esferas físicas, psíquicas e emocionais.
Então, para termos mais saúde e bem estar, já sabemos que podemos fazer algo que nossos ancestrais sempre fizeram há milhares de anos: pisar na terra.
A evolução da nossa consciência se dá passo a passo. É só lembrar de tirar os sapatos.