- Conhecimento
A busca por uma “alma gêmea” pode parecer um ideal romântico um tanto ingênuo para muita gente, nestes dias acelerados em que vivemos. Casamentos do tipo “até que a morte os separe”, com o intuito de gerar uma descendência numerosa, não são mais o objetivo de muitas das mulheres e dos homens do nosso tempo.
Os relacionamentos amorosos se diversificaram. Tabus sociais e sexuais foram rompidos e não somos mais obrigados a seguir muitas das convenções que perduraram ao longo de séculos. Tempos líquidos geram amores líquidos, como definiu tão bem o sociólogo Zygmunt Bauman, ao mostrar como nossa sociedade é muito mais fluida, instável e imprevisível do que era na época de nossos avós - o que trouxe sérias consequências, tanto boas quanto ruins, às nossas vidas afetivas.
Entretanto, isso não significa que você precisa seguir a onda predominante de manter tudo na superfície e desistir de buscar profundidade e harmonia na relação que estabeleceu com a pessoa que ama. Seja qual for o tipo de relacionamento que você tenha construído com seu parceiro ou parceira, é natural que, se ele ou ela for mesmo especial em seu coração, vocês queiram conquistar equilíbrio juntos e esperem se sentir amados, compreendidos e respeitados um pelo outro, não é?
Mais do que isso, existe aquela expectativa de viver, com ele ou com ela, uma jornada conjunta que tenha momentos de prazer, cumplicidade, cuidado, em que vocês possam aprofundar o que sentem, superar os contratempos e fortalecer o que construíram conjuntamente - afinal, a história de vocês é única e, dure o tempo que durar, deve ser bem vivida.
Além disso, já se sabe que relacionamentos amorosos que geram bem-estar são uma fonte de proteção à saúde mental e um fator de estímulo ao desenvolvimento individual das pessoas envolvidas nele.
Só que faltou combinar isso tudo com a realidade, já que, na prática, sabemos muito bem como é comum vivermos presos em rotinas desgastantes, que nos desestabilizam física, mental, emocional e até energeticamente. Problemas com a família, com as finanças, com a saúde, com o trabalho… tudo isso pode acabar refletindo no relacionamento que você tem com a pessoa que ama e os momentos em comum podem ficar bem menos fáceis de encarar.
De fato, os efeitos devastadores que o estresse traz aos casais já foram abordados em estudos acadêmicos e podemos ver suas manifestações concretas o tempo todo ao nosso redor. Além disso, expectativas frustradas quanto às necessidades afetivas de cada um, falta de comunicação assertiva, percepção de que não há reciprocidade na dedicação ao outro, desentendimentos quanto aos caminhos a serem seguidos… é provável que você já tenha passado por isso algumas vezes.
A real é que uma relação amorosa não tem nada a ver com aquele papo de “e foram felizes para sempre”, requer resiliência e está sujeita a muitos desafios. Se ela se desestabilizar demais pode gerar intenso sofrimento psicológico e até abalar a saúde de uma ou das duas pessoas envolvidas - ou mesmo de familiares e amigos mais próximos. Sim, você e seu amor podem não escapar dessa roda viva chamada realidade.
E é aqui que vale a pena abrir espaço em sua rotina para atividades que promovam o equilíbrio de cada um de vocês, dando qualidade à relação que criaram juntos. Estamos falando do autocuidado. Ele é imprescindível na vida de todas as pessoas, e prestar atenção em si mesmo - buscando o que gera harmonia -, pode fazer a diferença em seguir (bem) vivo e estar (bem) acompanhado, ou não.
Mas, o que você pode não ter percebido, em meio à inundação de propostas terapêuticas individuais que chegam pelas redes, é que é possível ir além!
Cuidar de si e da relação ao mesmo tempo
Muitas vezes, achamos que, para cuidar de nós mesmos, temos que fazer atividades separadamente das pessoas com quem convivemos. Em certas situações, isso é mesmo verdade. Ninguém pode fazer uma pequena intervenção cirúrgica junto com você, caso necessite fazer uma. Além disso, também precisamos de momentos só nossos, em que podemos nos escutar, refletir, reajustar nossa rota.
Mas há, sim, ações de autocuidado que podemos fazer junto com a pessoa que amamos. Uma caminhada em um parque, uma sessão de meditação, um café da manhã saudável num final de semana - com frutas, suco natural, cereais e tempo para saborear cada mordida ou gole - ou até a participação em uma palestra sobre um tema que nos dê conhecimento e motivação: são inúmeras as formas de autocuidado em conjunto.
Você provavelmente já sentiu o poder que uma música ou um som harmonioso gera em seu organismo. Hoje, já se sabe que a sonoridade tem um potencial terapêutico imenso e há estudos que mostram como escutar canções pode estimular a memória, ajudar na recuperação de uma cirurgia e até favorecer o desenvolvimento de bebês prematuros em UTIs.
A terapia musical é uma prática integrativa cada vez mais usada em muitos setores da medicina. E não é nada recente em rituais de cura. As vivências sonoras sempre acompanharam os seres humanos de todas as culturas e em todas as épocas. Instrumentos musicais de 35 mil anos atrás já foram documentados pela arqueologia e é provável que existam resquícios ainda mais antigos.
Uso em processos terapêuticos, estímulo à espiritualidade, expressão artística do que se pensa ou se sente, maneira de marcar o tempo: são muitos os motivos que levaram e levam os seres humanos a se envolver com os sons. Você deve ter os seus e o seu jeito pessoal de curtir essa experiência tão cheia de possibilidades.
Também acredito que você já sentiu como ouvir determinadas músicas ao lado da pessoa que ama é algo poderoso. Muitas vezes, os casais adotam trilhas sonoras que trazem lembranças do que viveram juntos e simbolizam sua união. E a ciência até trabalha com a ideia de que a musicalidade humana surgiu como uma estratégia de conquista amorosa ou sexual, algo semelhante ao que vemos com o canto dos pássaros. Pode ser ainda uma tese, mas faz sentido.
Então, que tal investir estrategicamente no universo dos sons para potencializar a relação com seu amor?
Vibração em frequências amorosas
Uma das explicações científicas para a sensação de prazer que sentimos em resposta à música é quanto à liberação de dopamina que sons harmoniosos desencadeiam no sistema estriatal. Também já foi constatado que partilhar canções pode aumentar a quantidade de um hormônio que favorece sentimentos de confiança e empatia - a ocitocina - na corrente sanguínea, o que explica porque nos tornamos mais propícios aos relacionamentos sociais em contato com a música.
Mas, termos técnicos à parte, não podemos deixar de mencionar que há um fator muito mais elementar: todos os sons se manifestam através de um sistema vibracional. Assim, dependendo do tipo de frequência vibratória que eles tenham, nosso organismo vai reagir de forma positiva ou negativa. E, felizmente, os seres humanos desenvolveram milenarmente os instrumentos capazes de emitir sons agradáveis, que ressoam em nossas células de forma harmoniosa, equilibrando nossos sistemas vitais em diversos níveis.
Essa é a proposta de uma forma de Terapia Sonora que usa objetos ancestrais para proporcionar uma experiência vibro-acústica que restabelece o equilíbrio e o bem-estar. Manuseando tigelas de cristal de quartzo, afinadas com a frequência cardíaca atmosférica do planeta (que a Nasa definiu como 432Hz) - além de outros instrumentos que também emitem frequências harmônicas, como flautas e chocalhos -, uma terapeuta conduz sessões que são um verdadeiro banho vibracional, revitalizando integralmente o organismo.
Todos os instrumentos são tocados em contato com o corpo ou próximos a ele, o que potencializa os benefícios para as dimensões física, mental, energética e emocional. Entre eles, vale mencionar: regulação do sistema nervoso; redução de estresse e ansiedade; alívio de dores e tensões musculares; eficiência da circulação sanguínea e estímulo à intuição e à criatividade. Trata-se de uma rara experiência de descompressão, capaz de produzir efeitos semelhantes aos efeitos que vocês sentiriam ao nadar no mar ou caminhar em uma floresta.
Sim, são as vibrações curativas da natureza se manifestando a nível celular, o que transcende nossas fronteiras e nos integra ao ressoar do cosmos, desarmando os bloqueios que costumamos criar quando enfrentamos as dificuldades do dia a dia - incluindo as barreiras emocionais que surgem entre nós e a pessoa que amamos, em meio às pressões cotidianas que ambos sofremos ou às mágoas acumuladas ao longo do tempo de relacionamento.
Sendo assim, podemos dizer que as sessões de terapia sonora a dois são momentos em que as vibrações cuidadosamente emitidas estimulam a amorosidade, tanto a que cada um de vocês dois sente por si mesmo como a que ambos sentem em relação ao outro e em relação ao próprio relacionamento único que vivenciam.
Se os sons harmoniosos já se revelaram benéficos para a saúde cardíaca, como a ciência revela, eles também cuidam do seu coração - e do coração de quem você ama -, além da dimensão física, sintonizando vocês emocionalmente, mentalmente e energeticamente entre si e com as forças mais elevadas da natureza.
Relacionamentos não são um mar de rosas, mas são uma possibilidade de experimentar a vida em profundidade junto a alguém especial. Vale a pena abrir espaço em meio aos ruídos diários que nos desarmonizam no dia a dia, para mergulhar em momentos de puro deleite sonoro ao lado de quem você ama.
Então, vocês só precisam fechar os olhos e se sentir envolvidos pela ressonância indescritível que o cosmos é capaz de nos proporcionar.
Awake. Life is inside.