- Conhecimento
Sabe qual é a primeira ação que todos nós fazemos ao nascer e que segue ocorrendo continuamente durante toda nossa existência? A respiração.
Se a maioria das nossas funções vitais - como os batimentos cardíacos, os movimentos peristálticos e a secreção de hormônios - não pode ser controlada conscientemente, o ato de respirar foge dessa regra.
Por mais espontâneo que ele possa nos parecer, já que não precisamos ordenar aos nossos pulmões que se encham ou se esvaziem de ar para que eles façam isso, temos a possibilidade de interromper esse movimento por um curto período de tempo a qualquer instante e, o que é mais importante, podemos controlar o seu ritmo e o modo como é realizado.
Só que, na maior parte dos nossos dias, nós simplesmente esquecemos dessa possibilidade e deixamos que essa ação tão essencial siga no piloto automático. O resultado dessa omissão é que costumamos usar somente em torno de 5% da nossa capacidade respiratória e perdemos a oportunidade de desenvolvê-la para que ela favoreça a manifestação plena de nossa potência vital.
Aprender a respirar é fundamental para desenvolver o autocontrole e harmonizar as relações entre o corpo, a mente e as emoções e é através de técnicas de respiração desenvolvidas milenarmente que muitas das formas de meditação se tornam possíveis.
Abrir a mente para abrir os pulmões
Em uma rotina literalmente sufocante: é assim que muitos de nós nos sentimos. A falta de foco, a falta de energia, a falta de bem-estar e muitas outras faltas podem ser resumidas a uma só: a falta de ar.
Não, não estamos falando daquela sensação que você tem quando mergulha em uma piscina e percebe que já é hora de voltar à superfície para abastecer seus pulmões. Estamos falando de uma oxigenação mais profunda, aquela que nutre todo o organismo e que costumamos estar longe de sentir no dia a dia.
Cerca de 8,5 milhões de vezes - esta é a quantidade de respirações que você costuma fazer em um ano. Você já se perguntou quantas delas foram feitas de forma adequada?
Se essa questão e sua possível resposta nunca passaram pela sua cabeça, a ciência ajuda a dar uma ideia. É que, de acordo com diversos profissionais de saúde, inclusive pneumologistas, a maior parte das pessoas não está respirando de modo correto.
Não apenas respiramos mais rápido do que o que deveríamos, como respiramos menos profundamente que o necessário para ter uma vida saudável e atingir o potencial físico, energético e mental que podemos como seres humanos.
Para começar esta conversa, vale saber que o ritmo que costumamos manter em nossa respiração diária é em torno de 15 a 20 ciclos completos a cada minuto. Isso equivale a uma duração de cerca de 3 a 4 segundos para cada conjunto de inspiração e expiração que fazemos. É, realmente, muito pouco tempo e deve permitir apenas que eu ou você respiremos superficialmente.
Se observarmos as práticas respiratórias que culturas milenares desenvolveram, veremos que muitas delas propõem um aumento considerável do tempo dedicado a cada respiração. E quando dizemos "tempo dedicado", é exatamente isso que queremos dizer. Trata-se de observar a forma como o ar entra e sai do peito e todo o trajeto que ele percorre desde as narinas. E, também, de modular conscientemente esse processo, conectando a mente com o movimento dos pulmões e do abdômen para que exista uma vivência profunda do que se passa dentro de nós.
Há inúmeras formas de praticar a respiração consciente e é possível aprender algumas delas em terapias como a meditação e a yoga, por exemplo. Mas, hoje em dia, ativar o cérebro para que o sistema respiratório se harmonize e se potencialize não é mais exclusividade de monges ou mestres orientais. É uma prática recomendada pela medicina e constante na vida de atletas de alta performance e de executivos de grandes empresas, entre outras pessoas que costumam ter um nível de desempenho acima da média.
Abrir os pulmões para abrir o mundo
Ao se tornar mais consciente de sua respiração, você se tornará mais consciente de todo o funcionamento do seu corpo e do fluxo de pensamentos e emoções relacionados a ele, já que sabemos que as dimensões físicas, mentais e emocionais estão interligadas. A diferença que isso é capaz de fazer em sua vida pode ser sentida nas mudanças em aspectos básicos de sua saúde.
Fadiga, depressão, estresse, ansiedade, pressão alta, má circulação, insônia, a lista de problemas relacionados à respiração não adequada é imensa. Ter mais consciência e controle desse processo pode dar um freio em tudo isso e destravar o que está nos impedindo de ter qualidade de vida. Até mesmo a regulação dos batimentos cardíacos e a diminuição de dores se mostraram possíveis em pessoas que respiram de modo consciente.
É que, ao respirarmos profunda e lentamente, mantendo um ritmo constante, estimulamos sensores na região do tórax que permitem a sincronização desse padrão com outras funções do corpo e do cérebro, o que gera um circuito virtuoso em cascata.
Através da ativação do sistema nervoso autônomo parassimpático, geramos ondas cerebrais que nos fazem ficar, ao mesmo tempo, alertas e relaxados: estado ideal para otimizarmos nossas respostas às interferências externas.
Então, quando vierem momentos de intensa exigência física, alta demanda produtiva e criativa ou de grande instabilidade e pressão, é possível responder com maior assertividade, segurança e plenitude - o que, além de nos preservar em relação a problemas de saúde, irá aumentar a oxigenação do cérebro e potencializar nossa performance.
Será que ficou claro por que o mundo do esporte de alto desempenho e o universo das mega corporações estão, cada vez mais, prestando atenção nesse movimento contínuo que é realizado pelos nossos pulmões?
Ao abrir as portas da respiração consciente, podemos abrir as portas de uma vida em alta potência e chegar em lugares que nunca imaginamos. Está na hora de você pegar fôlego para percorrer esse caminho.
Awake. Life is Inside.