- Conhecimento
Medicina, em latim, significa "arte de curar". Definição que era relacionada aos sacerdotes e curandeiros. Hoje, segundo os dicionários, a palavra tem um significado bem mais abrangente: “conjunto de conhecimentos relativos à manutenção da saúde, bem como à prevenção, tratamento e cura das doenças".
Por muito tempo, a medicina pareceu se esquecer disso e focou apenas em tratar as doenças usando medicamentos que agem com efeito contrário ao problema. Ou seja, se alguém tem febre, toma anti-térmico, se tem inflamação, anti-inflamatório, infecção: antibiótico.
Acontece que nosso organismo é um todo, interligado de forma complexa. Isso quer dizer que, se desenvolvemos um problema em um órgão, ele pode ter sido originado por falta do bom funcionamento de uma outra parte do corpo. E vice-versa. Além disso, um medicamento indicado para tratar um determinado local pode acabar causando efeitos colaterais em outro e interferindo no funcionamento geral do organismo.
E é aqui que entra a Visão Integrada da Medicina. Ela considera o indivíduo integralmente e não como um sistema de órgãos independentes; se preocupa em descobrir as raízes dos problemas e em prevenir que eles ocorram. Mais do que isso, ela também propõe a conciliação entre os conhecimentos científicos atuais e os saberes e práticas das terapias milenares, que vêem as doenças como um reflexo das desarmonias do ser.
Pesquisadores vêm estudando, cada vez mais, essas abordagens e reunindo evidências de que muitas delas são eficazes. Nos EUA, o reconhecimento do valor da terapia integrativa para a saúde das crianças fez com que fosse oficialmente estabelecida, em 2009, a definição de Medicina Integrativa Pediátrica (PIM, em inglês). A aplicação de algumas técnicas de massagem, por exemplo, "promoveu ganho de peso, crescimento e desenvolvimento em bebês prematuros que levou a estadias hospitalares mais breves", segundo um relatório publicado pela Academia Americana de Pediatria em 2017.
A Europa também já reconhece as possibilidades das práticas com foco na saúde integral. Uma publicação feita na Alemanha, da Universidade de Dresden, trouxe evidências sobre a influência da meditação na redução dos níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
No Brasil, um artigo publicado pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro analisou o setor da Oncologia Integrativa - que une técnicas mente-corpo, práticas de manipulação corporal, terapias energéticas a tratamentos convencionais - e concluiu que, quando combinados, esses tratamentos aumentam a efetividade e reduzem os sintomas adversos dos protocolos contra o câncer.
O desafio da medicina é olhar além da doença. É procurar entender por que ela aconteceu, como prevenir e garantir a qualidade da saúde e do bem-estar dos pacientes. E isso envolve um conhecimento profundo de cada indivíduo, sua carga genética, seu estilo de vida e sua alimentação.
Em busca deste objetivo é que médicos, nutricionistas, terapeutas e pacientes estão se unindo em uma teia colaborativa. Para que através dos saberes milenares e das mais inovadoras tecnologias trazidas pela ciência, seja implementado um novo olhar ao cuidar do ser. É essa integração que pode nos ajudar a conquistar e manter a saúde em sua totalidade: mente, corpo e energia.